domingo, 16 de março de 2014

Da Chuva (Brisa Aziz)

“...e a flor da chuva no capim
tem mais perfume”
Costa Andrade


Fui nomeada no esteio do vento.

Aí é que eu,
de menina,
pedia chuva e achava
que tinha parte com o tempo.

Fazia um ritual diário de rede e suco
depois do almoço.

Nutria o meu exercício
de domar vento.

A chuva?
Às vezes, vinha.
Se vinha, era a meu contento:

Liquefazia meus sonhos,
Embalava o compasso rangido da rede,
Batia mais de mil dedos no tambor
das telhas
e da terra.
Cheirava a frescor.

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