terça-feira, 21 de julho de 2009

Antes do Nome (Adélia Prado)

Não me importa a palavra , esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palvra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.

Um comentário:

Brisa Dalilla disse...

Agradeço a você todos os dias, xará, por ter me mostrado a poesia de Adélia Prado.

Ultimamente me encontro devorando tudo escrito por ela e me deliciando cada vez mais.

Deixo outro dizer, para não fugir do tema "adeliano":

[Psicórdica]

vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
meu amor este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiros.

Adélia Prado

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Um abraço grande para abarcar você e Mither e um beijo estalado no lindo Rudah.